Dr. Mabuse, o grande vilão


Nenhuma história está completa sem o vilão. O que seria de Luke sem Vader? Gandalf sem Saruman? Dos ursinhos Gummi sem o Duque Duro?!

Os vilões estão por aí­ desde que alguém colocou o primeiro obstáculo na frente de algum herói, seja na literatura, no cinema, no teatro ou em qualquer outra forma de expressão. Antes disso, os vilões sempre existiram na vida real, mas de ladrões, assassinos, corruptos e bandidos os jornais já estão cheios, melhor deixá-los por lá mesmo e falar aqui sobre os Iagos, Moriartys e Lex Luthors.

Mais do que bons vilões, esses últimos três se elevam acima dos reles oponentes dos bravos heróis. Quando o Batman enfrenta o Crocodilo, o melhor que podemos esperar é um brutamontes se arremessando sobre o homem-morcego com as presas arreganhadas, mas quando o Coringa entra na história o toque do gênio do crime garante momentos de tensão, apreensão e horror. O Crocodilo podia até mesmo ter matado Jason Todd (tudo bem, a DC fez o favor de estragar esse exemplo, mas acho que vocês vão entender onde quero chegar), mas ia ser apenas um assassinato brutal porque a peste prodí­gio se meteu no caminho dele. O Coringa mata o Robin pois sabe o que aquilo vai causar em seu arqui-rival. O Coringa não dá ponto sem nó, por trás de sua insanidade há uma mente brilhante e doentia que sabe exatamente o que fazer para alcançar seus objetivos.

Da mesma estirpe existem muitos outros, como o Dr. Nikola, Fu Manchu, Fantomas, até mesmo o Fantasma da í“pera. Mas um dos mais diabólicos, e protagonista desta coluna é a grande criação de Fritz Lang: o Doutor Mabuse.

mabuseO diabólico Doutor Mabuse surgiu na época em que o cinema ainda era mudo, no perí­odo entre-guerras na Alemanha. Renomado psiquiatra, Mabuse leva uma vida dupla como um mestre do crime, sedento por poder e destruição. Seus objetivos não são nem um pouco modestos, e já em 1922 pretendia acumular uma gigantesca fortuna para dominar Berlin e destruir a sociedade organizada, rumo a dominação total do mundo.

Mas como ele poderia conseguir tais feitos? Ora, além de sua mente brilhante capaz de arquitetar os mais diabólicos planos, Mabuse possuí­a poderes mentais, lendo mentes, hipnotizando seus oponentes e dominando a vontade de suas ví­timas. Além disso circulava livremente entre a alta sociedade de Berlin, com livre acesso í queles que detinham o poder. Escrupulos? Não tinha pudor algum em cometer múltiplos homicí­dios. Mestre em disfarces. É ou não é um belo currí­culo?

Uma das maneiras mais fáceis de se identificar um mestre do crime, uma mente vilanesca da mais alta estirpe é perceber que pouco ou nada a liga aos crimes que comete. O jogo de manipulações é a maior arma de um grande vilão, cujos tentáculos são grandes e alcançam mais longe do que as autoridades ou os heróis podem imaginar. A polí­cia alemã não tinha a menor idéia de quem ou o que estava por trás dos roubos de trem, manipulações da bolda de valores, falsificação de dinheiro, tentativas de assasinato. Nenhuma evidência podia afirmar que os fatos estavam ligados. Diante de tamanha força misteriosa, maligna e invisí­vel, podiam apenas chamá-la de “O Grande Desconhecido”.

Mas como os vilões são feitos para oferecer o conflito, e um conflito sem resolução leva í  frustração e ao descontentamento do espectador, até mesmo a mais genial das mentes criminosas acaba por ser vencida. Mas o nosso incrí­vel doutor não deixaria que seus oponentes tivessem plena satisfação. Ao ser encontrado se mostra estar completamente insano, e acaba por ser levado a um hospí­cio, onde logo domina o psiquiatra-chefe e passa a controlar uma imensa organização criminosa de dentro de sua cela.

Com tempo de sobra, elabora um tratado entitulado “Dominando o Crime”, que inclui capí­tulos dedicados a trazer abaixo cada um dos alicerces da sociedade e da economia, além de seções cujo objetivo é exclusivamente causar e espalhar o terror. E mesmo quando seus planos são descobertos executa seu mais grandioso plano, tirando todos que o perseguiam quando morre no hospí­cio, aumentando assim seus poderes e se tornando uma verdadeira força do mal, sem corpo, passando de hospedeiro em hospedeiro livremente e levando adiante seus planos de dominação mundial.

Fritz Lang filmou a história de Mabuse em três partes, Dr. Mabuse, der Spieler (1922), Das Tagebuch des Dr. Mabuse (1933) e Die Tausend Augen des Dr. Mabuse (1960), e muitos outros diretores menores levaram adiante o que se tornou um verdadeiro franchise, com tí­tulos que usaram coisas como “garra invisí­vel” e “raio da morte”.

O Doutor Mabuse é um exemplo clássico de vilão, capaz de desafiar os mais destemidos e preparados heróis. Sua genialidade, seus poderes misteriosos, Mabuse oferece o pacote completo.


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