Cruz de Ferro


Cruz de Ferro é um jogo criado no Brasil por três veteranos de wargames. Ele pode ser jogado tanto nas escalas de 15mm e 25mm, e novos suplementos com regras opcionais estão sendo lançados toda semana. A gente conversou com Antonio Marcelo e Jorge Bentes enquanto eles jogavam uma partida e fizemos algumas perguntas sobre o jogo.

Há uma série de outros sistemas de jogo para miniaturas de 2a. Guerra Mundial, como o Flames of War. O que incentivou vocês a criar o seu próprio sistema? O que faz do Cruz de Ferro um sistema diferente dos outros que já existiam?

O que nos incentivou a fazer o jogo é que são mais de 20 anos jogando wargames e tí­nahmos que fazer o nosso sistema. A história do Cruz de Ferro já tem mais de dez anos, depois que lançamos o Mare Nostrum, ou seja sempre quisemos fazer um jogo de miniaturas ambientado na 2a. Guerra Mundial. Todos nós vivemos e tivemos oportunidade de jogar grande tí­tulos como : Squad Leader, B-17, O Warhammer 40K Rogue Trader, entre muitos outros. Consequentemente, criar um sistema nosso que pudessemos reunir o que achávamos de melhor das regras, era uma via natural. O que diferencia nosso jogo dos outros é a escala (trabalhamos com 1/300, 15 mm e 25/28mm), além de um constante aprimoramento das regras e da criação de novos módulos. O mais atraente no jogo é o seu preço: ele é um jogo livre que pode ser baixado da Internet a qualquer momento. Este é um atrativo muito interessante para o nosso paí­s.

Como foi o processo de produção do Cruz de Ferro? Que tipo de dificuldades vocês encontraram na criação das regras?

Testes, testes e até hoje as regras continuam em processo de criação/desenvolvimento. A maior dificuldade foi fazermos um jogo que pudesse ambientar o máximo de realidade com regras que não fossem complexas e que fizessem o jogador ter que consultar uma “tonelada”de tabelas. Este foi e é nosso maior desafio.

Como vocês procuraram equilibrar o realismo e a jogabilidade nas regras do Cruz de Ferro? Até que ponto a jogabilidade ou o realismo devem se impor sobre um sobre o outro?

Tentamos fazer o máximo possí­vel sem tornar o jogo enfadonho, afinal um dos objetivos do jogo é distrair e descontrair. Ninguém aqui quer produzir um livro de 1000 páginas de regras que no final se tornará uma curiosidade de download. Eu tenho um sistema de wargame assim que é um livro de regras de 390 páginas. O mesmo se torna injogável e perde a razão de ser. Agora a jogabilidade e o realismo devm se equilibrar e nunca se impor. O bom senso é muito importante neste caso, pois um jogo muito realista sacrifica a jogabilidade e um jogo muito com “cara de jogo” sacrifica o realismo. Estes dois pratos da balança equilibrados perfeitamente é um dos nossos principais objetivos.

Cruz de Ferro

Como vocês elaboram os cenários para serem usados com o Cruz de Ferro? Que tipo de pesquisa é feita para a produção de cada um?

Um cenário é baseado em diversas coisas, mas principalmente bons livros. Temos uma grande biblioteca de livros da segunda guerra nacionais e importados, que são constantemente consultados. Este trabalho começa com uma idéia e depois o trabalho de pesquisa é todo feito. Normalmente quando eu desenvolvo um cenário, vejo seu contexto histórico e começo um trabalho de pesquisa e depois vem o teste, para ver se o mesmo tem o equilí­brio necessário entre a jogabilidade e a realidade.

Qual o público-alvo para um jogo de simulação de combates da 2a. Guerra Mundial no Brasil?

Esta pergunta se fosse feita há 5 anos atrás eu diria : um público mais velho e pouco numeroso. Hoje nossos jogadores são de diversas idades espalhados por todos os estados do paí­s. É um público na faixa dos 23 aos 50 anos que deixou um pouco de lado o RPG e resolveu experimentar os wargames e está gostando. É um público predominantemente masculino e que tem uma formação cultural razoável. Agora nós estamos trabalhando na popularização e divulgação dos wargames querendo trazer um público mais jovem e que os mesmos se interessem pelo hobby.

Qual o custo das miniaturas? Qual o investimento inicial para um novo jogador?

Depende da escala. Em 1/300 com R$ 50,00 você monta dois exércitos completos, mas o custo aumenta de acordo com a escala. Você pode jogar com miniaturas de papel, não é a mesma coisa, mas é uma opção. Tem também os cenários que é uma parte muito legal do hobby, que temos exemplo o projeto Stalingrado que eu José Augusto e Ricardo Wolfeson, estamos terminando e que já consumiu uns R$ 300,00. Ma so jogador iniciante não precisa disto, pode fazer muita coisa utilizando a imaginação.

Qual a resposta que vocês estão tendo por parte do público?

A melhor possí­vel e ficamos totalmente supreendidos. Quando chegamos a 1000 downloads em nosso site no final do ano passado pensamos “nossa o pessoal gostou do sistema e a coisa tá ficando séria”. No iní­cio quando lançamos o Core Rules não esperávamos receber emails de Manaus com dúvidas de jogadores. O nome Cruz de Ferro já está sendo associado a wargame de 2a. Guerra Mundial e os jogadores já participam no desenvolvimento das regras. Este é um dos melhores termômetros que temos.

Foi difí­cil lidar com assuntos tão delicados como o Nazismo e o Fascismo?

Nao, pois temos uma posição claramente definida sobre estes dois polêmicos assuntos. Temos uma opinião que estes dois movimentos polí­ticos foram uma das maiores monstruosidades cometidas pelos seres humanos. Fica muito difí­cil na minha cabeça conceber como mentes doentias como a de Hitler conduziram a Alemanha numa das mais abomináveis guerras e ao massacre de milhões de pessoas em nome de uma teoria louca e totalmente descabida. Quando tratamos no Cruz de Ferro estes assuntos, vemos do ponto de vista histórico, e sempre queremos mostrar para as pessoas que este tipo de coisa nunca mais deve acontecer. Além de mostrarmos o aspecto lúdico do jogo, temos que apontar estes dois erros e evitar que no futuro esta loucura venha reaparecer. Por isso o jogo tem o compromisso de mostrar cque nesta época os aliados se uniram numa cruzada em prol da liberdade e da justiça.

O que teremos no futuro para o Cruz de Ferro?

Muita coisa! Primeiro o módulo do Pací­fico (Japão, China e demais paí­ses) que já comecei a trabalhar, muitos cenários novos e estamos trabalhando no chamado Hexsystem, calma que isto está em playteste. Abrimos uma parceria aqui no Rio de Janeiro coma Gibiteria Bárbaras Magias e todo o sábado teremos jogos de demonstração pela manhã. Agora já começamos a pensar numa seguda edição, pois é… as regras começaram a melhorar e acho que já temos a possibilidade de termos uma nova versão do jogo (compatí­vel com a antiga) com mais recursos e jogabilidade. Temos também a WargameCon em Setembro, da qual teremos mais surpresas. Mas surpresa não se fala antes, senão acaba com o encanto.

E o evento em setembro, como vai ser?

Bem, pra começar, vai ter um número limitado de convites, pois em um evento muito grande, de digamos 5000 pessoas, não sai nada legal, vira baderna. A gente resolveu fazer um evento pequeno mais para sentir mesmo o público, para ver como o pessoal ia se adaptar. Vai ser um evento para 60 pessoas, vamos limitar mesmo o acesso. Sem convite não entra. A gente prefere fazer um evento mais simples, que vai atingir o público que a gente quer, o público de wargame mesmo. Se o pessoal de RPG se interessar, legal.

No HexSystem, a própria pessoa constrói os hexágonos?

É uma maneira mais fácil de transportar, não ocupa tanto espaço. Essa é uma idéia que já tem lá fora há algum tempo. E a gente resolveu fazer para a escala de 1/300, que é a ideal pra esse tipo de sistema. A gente monta um cenário rapidamente. A idéia é depois fazer hexágonos com árvores, montanhas, água, plantação.

Cada hex vai ter um tipo de terreno só?

Normalmente sim, terreno mixto seria em casos de casas e árvores juntas

Mesmo sendo em hexágonos ainda há a necessidade de se fazer medições?

Sim, os hexes servem mais para facilitar a montagem do cenário. Mas como nesta escala você tem medidas que são iguais as do hexágono, pois são padronizados em 10 cm, ou 4 polegadas, fica fácil fazer movimentação sem precisar recorrer í  trena. Facilita muito a jogabilidade.

Nessa escala fica bem mais barato de montar um exército, não?

Com certeza. Ainda não tem um preço fixado pois não está ainda a venda, mas pelo preço que você montaria dois tanques em 15 mm, sairia no mais barato 32 reais. Com esse mesmo dinheiro você monta um exército monstruoso nessa escala, incluindo o cenário. Infantaria, tanques, as casas. A gente fez nessa escala exatamente para baratear.

A gente já está fazendo algumas alterações nas regras, como blindagem localizada: frente, lado e traseira. Outra coisa que estamos refazendo são as regras de minas. Minas influenciam muito o jogo. Para representar as minas se anota em que hexágono elas estão em um papel, afinal de contas, é um jogo de cavalheiros. A mina se encontra em todo o hex, entrou nele ativou as minas. Tem também uma tropa de engenheiros que estamos testando as regras também, para desarmar as minas.

E qual o exército de Cruz de Ferro que mais sai?

Alemão, e em segundo lugar o Russo. Está saindo muito exército Russo, mas Alemão é o carro chefe. Pra cada Russo que vendo saem dois Alemães.


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