Prevista originalmente para ser lançada em dezembro de 2004, Astro City: The Dark Age começou finalmente. Já li o suficiente de Astro City para saber que essa história será não apenas publicada ocasionalmente, mas que também valerá a pena esperar. Kurt Busiek e Brett Anderson ainda não nos deixaram na mão quando se trata de roteiros de qualidade.
Em termos de Astro City, The Dark Age promete ser a mais épica, ambiciosa e importante história até agora. Contada ao longo de quatro minisséries em quatro partes, The Dark Age finalmente revelará o destino do Silver Agent. Este é um antigo mistério na mitologia de Astro City. Nós não sabemos os detalhes do que aconteceu, mas sabemos que sua morte é de alguma forma ligada a, ou instigada por, pessoas de Astro City. Este evento ajudou a definir os cidadãos de Astro City, para o bem ou para o mal.
Kurt Busiek nunca pega o caminho mais fácil quando se trata de contra as histórias em Astro City. Ele nunca nos dá uma apresentação direta ou respostas fáceis. Ele nos mostra heróis e vilões – poderosos ou não – e deixa suas ações e personalidades nos dar dicas da história como um todo. Com isso em mente, não teremos a história do Silver Agent da perspectiva do Silver Agent. Nós iremos saber da sua história através de seus dois irmãos, um deles um policial, o outro um pequeno ladrão, cada um reagindo de sua própria maneira aos problemas surgindo em Astro City e no resto do mundo.
Esta primeira edição nos coloca nos anos 70, uma época turbulenta em nossa própria realidade. Eventos que mexeram com a naão como a Guerra do Vietnã e o escândalo de Watergate encontram seus similares em Astro City, mas são tratados pela ótica de Astro City. Superheróis e vilões se envolvem com a política e com a guerra, colocando em movimento um debate entre os políticos e os cidadãos sobre o papel que os heróis devem desempenhar na sociedade. Mesmo que Busiek mantenha seu foco firmemente nos dois irmãos, e seu relacionamento com esses eventos, nós ainda temos uma sensação crescente de tensão e ódio em Astro City e no resto do país. É como aquelas bolhinhas no fundo da chaleira que precedem a fervura e o apito agudo de vapor que o lança em ação.
Como sempre, Brett Anderson se junta a Busiek em Astro City. Muito do impacto da história depende da capacidade de Anderson em retratar personagens por quem podemos nos simpatizar. Nós precisamos ser capazes de ver a emoção em seus rostos e em seus corpos mesmo que a narração nos diga o que eles estão pensando e sentindo. Heróis e vilões são relativamente fáceis de se desenhar por causa de seus poderes, uniformes e tipo físico, que lhes dão uma certa verve dramática. O desafio está em criar pessoas comuns, os homens e mulheres que vivem em Astro City. É mais difícil conferir personalidades diferentes a esses homens e mulheres pois o que os diferencia entre si é algo muito sutil – sua postura, o modo de andar, a maneira como se expressam. Anderson faz tudo isso muito bem.
Estou na verdade surpreso em não vermos mais material de Anderson no mercado. Ele certamente tem talento. Isso posto, não quero vê-lo envolvido em muitos projetos pois Astro City é o lugar onde ele pertence. Ele e Busiek desenvolveram a cidade e seus habitantes juntos ao longo de todos esses anos. Eu não consigo imaginar nenhum outro artista dando vida aos personagens e í s histórias de Busiek.
The Dark Age se desenrolará ao longo de quase dois anos. Dezesseis edições estão planejadas, quebradas em quatro arcos de quatro edições. Cada arco será separada por uma edição especial de Astro City, onde Busiek e Anderson irão retornar í Astro City dos dias de hoje em uma história isolada. Dezesseis edições é um longo arco de histórias, e dois anos é um tempo muito longo para esperar a história se desenrolar. Como tudo em Astro City, The Dark Age vai valer a pena esperar.
Por Chad Boudreau
Publicado originalmente no site Comic Readers